Desorbalhando sonhos.


Foto 3 XXXVIII ROMAXE

Alba Rivas

Cómpre insisitir nos sonhos[…]Cómpre sonhar espertos[…]Precisamos devolver a voz a todos, tamém aos que discrepam[…]Pedimos, agora, com toda humildade e reverência, o dom da confiança. Que tenhamos a força necessária para abrir as portas do nosso ser às persoas amadas, aos vizinhos, aos compatriotas e a toda-las gentes, ainda que alguem poida ferir-nos[…]

Pedimos que o nosso coraçom seja grande como todo o universo e se encenda co lume do amor aos eidos natais. Assi reconciliaremos co mundo e com nós mesmos[…]

O ceo amanheceu com néboa nas Penas de Rodas, mas o lugar irradiava luz.

Co coraçom aberto de quem está disposta a sorpreender-se, foi durante a celebraçom da Romaxe que olhares emocionados se cruzarom, deixando ver luzinhas e chiscadelas de cor de quem já namorou umha e mil vezes,e se namora cada dia de novo, de quem se permite sentir a alegria de reconhecer-se no espelho, de querer-se a si mesma.

Poderia ser qualquer cousa. Poderiam ser brujas, meigas, fazendo um aquelarre. Poderia ser gospel e poderiamos ser todas negras. Poderia ser, até um conselho de Jedis (já sabedes, os guerreiros luminosos que guiava o Yoda, o bicho feo verde, do filme Star Wars) espalhando amor para disipar o lado escuro…

Poderia ser qualquer tribo estudada por antropólogos do mundo, pola sua peculiaridade…, e o momento que transcreveriam os académicos havia ser, sem dúvida, o do Berro Seco.

Foto 2E somos nós, galegas e galegos.

É a Romaxe. A XXXVIII Romaxe, nada menos.

Desorbalhando sonhos.

A juntanza das que ainda sonham espertas, das que praticam o dom da confiança e intentam ensaiar o amor em todas as suas manifestaçons.

É o summum da máxima: Gentileza gera Gentileza. As gentes de Capitám Gosende demos boa conta disso no jantar, onde nom paravam de chegar agasalhos, em forma de rosquilhas, de vinho, de sorrisos, de falas, de licor café…

E ainda é máis.

É o encontro das herejes, das que desobedecem por umha causa que consideram justa, como fijo Antonio R. Fraiz, o cura de Campanhó, que nasceu em Tomonde, quando se arriscou a misar em galego, ainda sabendo que ninguém o fazia.

O encontro das que praticam a entrega a si mesmas e às demais, como Manuel Espinha Gamalho, natural de Folgoso, coéngo da Corunha, que traduziu os evangeos ao galego.

O encontro das generosas, das que confiam mais além da personagem que interpretas. Das que gastam o intento de nom juzgar e praticam a escoita ativa, como Casimiro Valinhas, o crego de Pedre, que recêm transistou a outros mundos, e que ainda sabendo quêm eramos, nunca deu por perdidas as nossas almas.

O encontro das poetas, que como Manuela de Barro e as outras Pandereteiras mantiverom e mantenhem viva na sua voz a memória de quem somos e de onde vimos.

E ainda é mais.

O encontro da liberdade, e da loita. O germolo da detonaçom dos muros de todas as prisons, sejam físicas ou simbólicas.

O encontro onde dar conta, que a uniom fai a força.

E a Irmandade. É vida. É morte. Dignificadas em quem se sabe vivindo.

Por isso, o monte Seixo será coraçom de Nai para a XXXIX Romaxe.

O nove em Asia disque é número de Eternidade, e Porta-Alêm tem a mágia dos nom foto 4lugares, do intra-mundo segredo onde vivas e mortas se dam a mam, conscientes ou nom, envoltas na nebulosa dos mistérios, até, com certeza, a serpe Bichoca esperta do seu sono para receber o inverno com nós.

E desorbalhando sonhos, no verbo xido, transcrevo as palavras que o mago da nossa camarilha, o Calros Solla, berrou ao par dos raios de sol que aquecerom a manhá quando nos entregas-tes o ramo:

Xidas luces xamarúas, morróns do Queico, morrón da Xeva Riela Ghalleira!!

Bos dias, companheir@s, filhas de deus, filhas da nai terra Galiza!

Coa paixom que nos envolve a todas às que andamos no Capitán, damos o bo dia a umha Romaxe mais. A bem-vinda ao começo da conta atrâs para a XXXIX Romaxe…

Num monte Seixo, onde os muinhos de vento, já sejam só os imaginados pelo Quijote.

Num rio Seixo que continue virgem, e forneça auga como fixo até agora, sem traidas.

Num Cerdedo sem AVE, onde se aprecie a lentitude e se saboreem os momentos compartidos a carom da gente que queremos bem.

Num monte Seixo onde a mistura entre geraçons esteja tam viva, que sejamos quem de festejar saber-nos tam poderosas, e tam sábias.

Foto 5Num Cerdedo no que, ainda que aos pouquinhos, se mantenha viva a chama das aldeias vivas, nas que ainda falam as pedras e berram as crianças e os cabalos, e falam as velhas, e hai juventude com vontade de habita-las, de moçear nelas, e de revelar-se nelas.

Numha comarca que se honre de chamar-se Terra de Montes, na que se valore a terra, e se coide, na que nom se abram mais minas e se recupere o trabalho comum. A interdepêndencia.

Num monte Seixo e num Cerdedo, onde abraçemos o medo e o deixemos atrás, onde sejamos quem queiramos ser, sem condiçons.

Sem caciques.

Com moito amor.

A responsabilidade é grande, mas que nos leve a alma o demo, senom fazemos que a XXXIX Romaxe seja inesquecível e deixe em quem ali estea o mesmo pouso de gratitude, força, e alegria que deixou em nós este ano.

Que chova, que vente, Capitám Gosende

Viva a Romaxe!

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